O sorvete que derreteu – História da Diletto

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A Diletto, uma marca de sorvetes artesanais, foi fundada em 2009 na cidade de São Paulo por Leandro Scabin, Fábio Meneghini e Fábio Pinheiro. A marca se destacou por trazer sorvetes que aparentavam ser feitos de maneira artesanal, conquistando espaço no mercado com embalagens que traziam a imagem icônica de um urso polar e geladeiras verdes com estética vintage.

O Storytelling da Receita Familiar

Desde seu início, a Diletto investiu em uma narrativa emocional para promover seus produtos. A história que a marca divulgava era a de que a receita dos sorvetes havia sido criada por Vittorio Scabin, avô de um dos fundadores, Leandro Scabin. Segundo o relato, Vittorio era da região de Vêneto, no norte da Itália, e produzia sorvetes feitos com neve desde 1922. A história afirmava que ele precisou abandonar o negócio familiar durante a Segunda Guerra Mundial, quando migrou para o Brasil, onde a tradição foi continuada pela família.

Essa narrativa ajudou a criar uma imagem de autenticidade e herança familiar em torno dos sorvetes, o que atraiu muitos consumidores. No entanto, em 2014, a verdade veio à tona: a história do “nonno” e a receita italiana eram invenções de marketing. Essa revelação abalou a credibilidade da marca, já que muitos consumidores se sentiram enganados por acreditarem em uma tradição que nunca existiu.

A Queda da Diletto

Mesmo com a polêmica em torno da história fictícia, a Diletto continuou no mercado por alguns anos, expandindo sua presença em quiosques e redes de supermercados. No entanto, a marca começou a enfrentar dificuldades. Entre 2022 e 2023, os produtos da Diletto desapareceram das prateleiras de grandes redes de supermercados, seus quiosques foram fechados, e a empresa parou de responder a clientes e de atualizar suas redes sociais.

Os sócios originais saíram da companhia, e a marca foi, aos poucos, sumindo do mercado. A combinação de problemas internos, falta de adaptação ao mercado e a desconfiança gerada pela história falsa contribuíram para a queda de uma das marcas de sorvetes que, em seu auge, foi considerada inovadora e promissora no setor de alimentos.

Conclusão

A Diletto é um exemplo de como o storytelling pode ser uma ferramenta poderosa no marketing, mas também pode se tornar um tiro pela culatra se a autenticidade não for mantida. A marca deixou um legado importante sobre a importância da transparência com o consumidor e as consequências de construir uma narrativa que, embora atraente, não condiz com a realidade.

Gilton Foschiani

Com mais de 20 anos de experiência no mercado publicitário, sou estrategista de marcas pela GF Branding, onde assessoro empresas com foco na construção e no crescimento de suas marcas.
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